Vergonha: O Monstro que Nos Assombra

Quebrando as correntes da vergonha!


Combatendo a vergonha

Vergonha. Essa é uma palavra com a qual estamos muito familiarizados. Admito que ainda luto contra ela. Vergonha das coisas que me foram feitas desde cedo, vergonha dos meus pecados do passado e do presente, vergonha das coisas que eu não fiz que sei que deveria ter feito. A vergonha é uma emoção poderosa. Ela consegue nos despojar de toda a esperança e nos fazer crer que nossos pecados são grandes demais para serem perdoados. Conheço muito bem esse sentimento. Eu gostaria que minha alma, estivesse limpa e eu não tivesse pecado para me arrepender, mas esse não é o meu caso. Durante a maior parte da minha vida, eu me peguei procurando soluções para cobrir a dor interior que eu estava experimentando. Infelizmente, na minha tentativa de me automedicar, piorei as coisas e alimentei o monstro que agora chamo de vergonha. Com o tempo, o monstro foi ficando maior e mais forte, e se tornou indomável. Esse monstro controlava minhas emoções, pensamentos e comportamentos. Seu poder parecia ser inigualável, e logo me vi rendendo ao seu chamado. A vergonha tornou-se como um melhor amigo que aparece inesperadamente e nunca mais saiu. Tornamo-nos inseparáveis. Esse monstro ainda me acorda no meio da noite para me provocar, e aparece de vez em quando para me lembrar que nunca vai me deixar nem me abandonar. É exaustivo. Não estou falando do tipo de vergonha que faz você se sentir mal quando come demais ou quando fica horas nas redes sociais. Estou falando do tipo de vergonha que te paralisa. O tipo de vergonha que lembra repetidamente que você falhou. Vergonha que te faz correr quando ninguém está perseguindo.




Encobrindo a vergonha


Houve um tempo há muito tempo quando a vergonha não existia e tudo era perfeito — sem culpa ou embaraço. Mas o pecado entrou e trouxe a vergonha junto com ele. Gênesis 2:25 diz: "e o homem, e sua mulher estavam nus, e não se envergonhavam." Qual é o ponto aqui? A Bíblia está comunicando que mesmo em seu estado mais vulnerável — estando nus — Adão e Eva não sentiam vergonha. Eles não tinham nada a esconder de Deus ou um do outro, nenhuma razão para se cobrir. Eles andavam com Deus e um com o outro com total confiança e sem medo de serem descobertos. Eles eram puros, transparentes e nus. Mas isso não durou muito. No capítulo 3, vemos esse vínculo de intimidade destruído por causa do pecado. Adão e Eva desobedeceram a Deus, trazendo o pecado para o mundo. Esse pecado quebrou a intimidade que Adão e Eva tinham um com o outro, mas, mais importante, com Deus. Em Gênesis 2, vimos que eles estavam sem vergonha e não tinham nada a esconder. No capítulo 3, eles agora estão envergonhados, escondendo-se de Deus e se cobrindo.

Entretanto, há esperança. Através da confissão, do arrependimento e do perdão de Deus, podemos nos libertar das garras da vergonha. A história de Davi serve como um exemplo inspirador de como é possível superar essa emoção poderosa e encontrar a redenção. Embora a vergonha possa parecer avassaladora, devemos nos lembrar de que Deus está pronto para nos perdoar e restaurar, se nos entregarmos a Ele. Davi, um homem segundo o coração de Deus, também enfrentou a vergonha em sua vida. Após cometer adultério e assassinato, ele tentou encobrir seus pecados, mas essa atitude apenas o levou a um estado de turbulência e miséria. Somente quando Davi finalmente reconheceu suas falhas e as trouxe à luz, ele pôde encontrar o caminho da liberdade. Esse é o desafio que também nos é proposto: enfrentar a vergonha, confessá-la e permitir que o perdão e a graça de Cristo nos libertem. O passo seguinte de Davi após o reconhecimento de seu pecado foi a confissão. Embora possamos reconhecer algo sem admiti-lo, é na confissão que realmente lidamos com nossos pecados habituais. Podemos admitir sua existência, mas não extirpá-los até que tomemos medidas efetivas a respeito.

Confessar a Cristo


O papel de Cristo é fundamental na quebra do poder da vergonha. Ele nos oferece perdão e graça, mas para alcançá-los, precisamos estar dispostos a enfrentar e confessar nossos pecados. Assim como Davi, muitas vezes tentamos encobrir nossas falhas, na esperança de preservar nossa imagem e evitar as consequências. Entretanto, essa atitude apenas nos mantém presos na escuridão da vergonha, impedindo-nos de avançar em direção à liberdade. O reconhecimento dos nossos erros é o primeiro passo crucial. Ao admitirmos nossas transgressões, abrimos caminho para a cura e a transformação. O inimigo usa o nosso passado de maneira constante e agressiva para nos manter paralisados espiritualmente, lembrando-nos constantemente de nossas falhas e nos fazendo sentir indignos do perdão. Porém, é justamente na luz da confissão que encontramos a graça e a esperança para o futuro.


A confissão é o ato de fazer algo sobre nosso pecado, impedindo que a vergonha continue a crescer. O termo "confessar" significa concordar com Deus que falhamos em atingir o alvo. Pecamos e ficamos aquém do que Ele espera de nós. O inimigo prefere atuar na escuridão, pois é nesse campo que ele possui vantagem. Devemos, portanto, trazer nossos segredos mais profundos à luz, pois é aí que o inimigo perde seu poder. Ao confessarmos, estamos trazendo nosso pecado das trevas para a luz, onde podemos vencer nossas lutas espirituais. A escuridão é o território do inimigo, e é na luz que ele perde seu domínio. O reconhecimento e a confissão são o ponto de partida para a derrota do Acusador, pois à medida que avançamos para trazer isso à tona, ele começa a perder o controle. Esconder as coisas que causam vergonha apenas as alimenta, como tentar cobrir uma erva daninha em vez de arrancá-la pela raiz. A confissão é o desenraizamento dessa erva, e quando ela acontece, a fonte da vergonha perde seu poder. Davi nos dá uma poderosa imagem disso, no Salmo 32, descrevendo como o peso da culpa e a falta de confissão o esgotaram emocionalmente, fisicamente e espiritualmente. Embora a mão de Deus pese sobre nós quando vivemos em pecado não confessado, isso não é punição, mas sim a disciplina amorosa de um Pai que deseja que seus filhos prosperem e vivam uma vida frutífera. Deus não nos deixará pecar em paz, pois Sua graça não permitirá que permaneçamos escondidos.
Salmo 32:1 de Claudio Silva

A confissão de pecado e o subsequente perdão divino são capazes de proporcionar uma liberdade surpreendente. O exemplo de Davi, um adúltero e assassino que recebeu o perdão de Deus, ilustra essa verdade de maneira poderosa. Ao reconhecer sua iniquidade e buscar o perdão, Davi experimentou uma declaração de libertação: "e você perdoou a iniquidade do meu pecado".


Essa palavra "perdão" carrega um significado profundo — o pecado é completamente cancelado, não sendo mais mantido contra a pessoa ou usado para condená-la. Mesmo que outros possam julgá-la ou identificá-la com o seu passado pecaminoso, a aprovação de Deus é o que realmente importa. Afinal, Ele é o Criador do universo, cujas decisões e propósitos não dependem da permissão ou aprovação humana. Ao seguir o exemplo de Davi, é possível caminhar na liberdade que vem do perdão divino. Não é mais necessário esconder-se ou viver com vergonha, pois aquele sendo perdoado por Deus não precisa temer o julgamento dos homens. Pode-se, então, olhar as pessoas nos olhos com confiança, sabendo que o Criador do universo os absolveu de todo pecado. Essa é uma verdade libertadora que deveria inspirar-nos a abandonar o medo das opiniões alheias e a viver na liberdade concedida por Cristo. Afinal, se Deus nos perdoou, as perspectivas humanas tornam-se irrelevantes diante do tribunal divino. A liberdade que Deus nos concede nem sempre é fácil de abraçar. Muitas vezes, preferimos carregar os fardos de nossas falhas e vergonhas, acreditando que é mais seguro do que caminhar no perdão. Essa tendência pode ser observada na história dos israelitas no Êxodo, que, mesmo após testemunharem os milagres de Deus, ainda se queixavam e duvidavam de Sua provisão.

Essa atitude revela uma profunda verdade sobre a natureza humana: é mais confortável permanecer na escravidão do que abraçar a liberdade. No entanto, a Palavra de Deus nos fornece as verdades necessárias para derrotar essas mentiras. Crer no perdão e na redenção que nos são oferecidos em Cristo é fundamental para viver como vencedores e não como vítimas.


Romanos 8 nos revela que somos filhos e filhas de Deus, libertos da condenação pelo pecado. Essa emancipação é eterna e inabalável, pois é sustentada pelo amor imutável de Deus. Ainda assim, muitas vezes nos apegamos aos fardos, perdendo de vista a liberdade que Deus nos concede. É um ciclo difícil de quebrar, pois, acreditamos mais no que a vergonha diz sobre nós do que no que Deus afirma. A boa notícia é que, mesmo em nossa fraqueza e incapacidade de crer no perdão, a verdade permanece: somos lavados e perdoados por causa de Cristo. Nossa falta de fé não diminui o perdão que Deus já providenciou. Cabe a nós, então, abraçar essa liberdade e caminhar nela, rejeitando as mentiras que nos mantêm presos.

romanos 8:1 de Claudio Silva


A vergonha é uma realidade com a qual todos os seres humanos lutam. Desde a queda de Adão e Eva, a vergonha é um fardo carregado pela humanidade. No entanto, a Bíblia nos revela que Cristo cobriu tudo por nós. Através do sacrifício de Jesus, o pecado foi expiado e a vergonha foi removida. Deus, em Sua graça, proveu a necessidade da humanidade de uma maneira que Adão e Eva não poderiam fazer. Ele os vestiu não com folhas de figueira, mas com peles de animais, antecipando o sistema sacrificial do Antigo Testamento e o Cordeiro sacrificial perfeito, Jesus. Cristãos, estamos cobertos não por nossas próprias tentativas, mas pela graça de Deus.

Para aqueles que lutam contra a carne e, que estão envergonhados pelo pecado ou que se castigam pelos mesmos fracassos repetidamente, há boas notícias. Seu pecado não é sua identidade; a obra de Cristo é! Libertadora, portanto reconheça, confesse e seja perdoado. Saia do esconderijo e caminhe na liberdade que Cristo comprou para você.

Por: Claudio Silva





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