Orgulho!

O orgulho pode ser uma das nossas maiores virtudes, ou nosso pior fracasso!


Talvez você possa estar se perguntando como o orgulho pode ser uma virtude? Fique comigo nesse blog post e descubra nuances da do orgulho bom e orgulho ruim.

Um Dilema Moral e a Satisfação do “Orgulho Bom”, uma História Real

A Pintura

Certa vez, fui convidado por um amigo para trabalhar como ajudante de pintor em um condomínio. A diária era generosa, e o responsável pela empreitada se mostrou uma pessoa amável e paciente, disposta a explicar os detalhes do serviço.

No último dia de trabalho, meu colega revelou haver bens valiosos no imóvel e me incitou a furtá-los. Diante da proposta, minha recusa foi imediata e enfática. Argumentei que a remuneração era justa, o contratante era uma pessoa íntegra e o furto o prejudicaria. Meu amigo, ponderando meus argumentos, concordou em não prosseguir com a ideia. Concluímos o trabalho, recebemos o pagamento e fomos para nossas casas. Confesso que me senti aliviado e satisfeito com o desfecho da situação.

A Descoberta!

Passados alguns dias, notei um comportamento estranho entre meus colegas. Um deles, exibindo uma máquina fotográfica, despertou minha curiosidade. Ao questioná-lo sobre a procedência do objeto, ele confessou ser do colega que com quem havia trabalhado, ao indagá-lo como ele comprou aquela máquina caríssima, esse colega informou havia furtado, juntamente com outros bens, no caso joias, no dia em que trabalhamos juntos.

A revelação me deixou perplexo. Diante da gravidade da situação, me vi diante de um dilema moral: denunciar meu colega, expondo-o como ladrão, ou me calar, arriscando ser considerado cúmplice e prejudicar o pintor e os proprietários dos bens furtados?

A Decisão

Após refletir sobre o ocorrido, decidi agir. Durante alguns dias, retornei ao condomínio na esperança de encontrar o pintor. Felizmente, consegui abordá-lo em um ponto de ônibus e relatei o ocorrido. Ele me ouviu com atenção e compreendeu minha apreensão, assegurando que os proprietários já estavam cientes do furto e que as joias eram os bens mais valiosos que haviam sido levados, pois, se tratava de herança familiar. O pintor, então, me convocou para comparecer ao condomínio para prestar esclarecimentos. Diante da situação, não me restou outra alternativa senão comparecer e relatar tudo o que sabia.

O Desfecho

Então, o pintor decidiu ir até a casa dos pais do meu colega, já que eles eram conhecidos. Fomos chamados para uma conversa na casa do ladrão. O pintor, simulando desconhecimento dos fatos que havia passado para ele, questionou sobre o desaparecimento dos bens. Obviamente, como não furtei nada, neguei. Meu colega, inicialmente, negou o furto, mas seu irmão o desmentiu ao revelar que o havia visto com a máquina fotográfica.

Confrontado com a prova, o ladrão confessou o crime. Seus pais, consternados, se comprometeram a restituir todos os bens furtados, alguns já haviam sido vendidos por um preço bem irrisório.

Para minha surpresa, descobri que os proprietários dos bens furtados eram militares, o que agravava ainda mais a situação.

Essa experiência me ensinou o valor da honestidade e da integridade. Senti orgulho de ter feito a coisa certa, de ter agido consoante meus princípios morais.

Por que contei toda essa história? Simplesmente para demonstrar como o “orgulho bom” pode ser benéfico na vida das pessoas, orgulho de carregar valores éticos e morais.



Foto: Reprodução.

O Lado Sombrio do “Orgulho Ruim”.


Todos nós já nos deparamos com pessoas cujo orgulho transborda em arrogância e prepotência. Indivíduos assim são facilmente identificáveis, mas existem aqueles que, mesmo sem se considerarem orgulhosos, agem sob a influência desse sentimento de maneira sutil e, muitas vezes, inconsciente.

Um exemplo comum é a dificuldade em perdoar. Um amigo que não consegue reconciliar-se com outro por causa de uma briga, mesmo sabendo que não foi o único culpado, demonstra como o orgulho pode impedir a resolução de conflitos. Nesses casos, o orgulho nos impede de pedir desculpas, mesmo quando reconhecemos nossos erros.

Orgulho e o trabalho

Compartilho aqui uma experiência pessoal que ilustra essa questão: eu trabalhava em um lava-rápido, mas as coisas não iam bem. Surgiu, então, a oportunidade de ganhar um dinheiro extra cuidando de um idoso. Aceitei o trabalho, que exigia cuidados básicos, desde a alimentação até as necessidades fisiológicas.

Ao retornar ao lava-rápido, após um tempo cuidando do idoso, e compartilhar minhas experiências, ouvi comentários de pessoas que diziam jamais aceitar um trabalho como este. A justificativa era sempre a mesma: “limpar bunda de velho” ou “trabalho pesado demais”. Percebi, no entanto, que por trás dessas falas havia, em muitos casos, o orgulho. Eu mesmo já havia sentido esse orgulho antes de aceitar o trabalho.

Meu maior motivador sempre foi a necessidade e a visão de que, para alcançar nossos objetivos, precisamos, muitas vezes, fazer o que não queremos. Sei que este exemplo pode não ser o ideal, mas nos leva a refletir.

Existem pessoas que preferiam vender picolé na praia, e se orgulham de nunca ter pegado nada de ninguém. Há outras que podem preferir roubar a serem pedreiros, mecânicos ou vendedores ambulantes.

O orgulho se manifesta de diversas formas: na dificuldade em pedir perdão, na arrogância de se sentir superior por estar em uma fase melhor da vida, na presunção de um ladrão que se orgulha de seus crimes ou na falsa sensação de invencibilidade de alguns religiosos.

Exercite o orgulho, Encontre o Equilíbrio.


É importante cultivar um orgulho virtuoso, caracterizado pela constante disposição para o aprendizado e o reconhecimento da vida como um processo contínuo de aprimoramento. A receptividade a críticas construtivas, aplicadas em diversas áreas da existência, é fundamental para o desenvolvimento pessoal e profissional.

Celebrar as conquistas individuais é válido e encorajador, desde que não implique em menosprezo alheio. É crucial manter a vigilância sobre as tendências internas que nos inclinam para o lado negativo do orgulho, como a vaidade e a presunção, comportamentos que podem obscurecer o mérito de nossas realizações. A autoanálise consciente de nossa trajetória, diferenciando entre momentos de “orgulho bom” e “orgulho ruim”, é a chave para exercitar o orgulho sem comprometer o brilho de nosso sucesso futuro.

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